Dia das crianças chegando e, junto, um monte de presentes! Novos brinquedos para organizar, antigos brinquedos que são difíceis de descartar por serem “ o meu preferido” mesmo que fora do campo de visão nos últimos 2 anos!
Organizar pressupõe – em diferentes níveis – mudanças de hábitos. Manter a organização requer engajamento, comprometimento e força de vontade. Como despertar isso em uma criança ? Como trazê-la para dentro do projeto sem que ela te veja como uma adulta chata tentando mudar a cara daquele espaço tão especial?
Sempre que organizei espaços infantis sem a presença dos pequenos, foi rápido e relativamente fácil achar o lugar certo – na minha ótica – para todos os objetos. Mas, em alguns casos, a criança foi mais rápida ainda em acabar com o processo que eu tinha criado para aquele espaço!
Nem sempre faz sentido para ela o que foi pensado pelos adultos, fica tudo lindo mas sem identidade. A criança não reconhece ali o seu mundo, onde foi parar aquele universo tão familiar? Isso pode arruinar o seu projeto!
Quando tive a oportunidade de trazer o(a) dono(a) daquela área para organizar comigo, tudo fluiu infinitamente melhor!
Sentar ao lado da criança e conversar sobre cada brinquedo que tem ali é um super gatilho para entender como funciona aquele “santuário”! Vai dar trabalho? Sim! Vai consumir mais tempo do seu projeto? Com certeza! Mas o resultado será um final feliz para todos os envolvidos!
Começar pelo que fica é sempre muito mais fácil do que começar pelo que sai! Isso vale em qualquer organização! É incrível a diferença na reação do cliente quando começamos pelo que fica ao invés de começar pelo “sofrimento” do descarte/triagem/qualquer outro nome menos traumático que você queira criar!
Agora, se você que ver uma criança organizar feliz e manter a organização mais feliz ainda, um dica simples mas que vale ouro: libere a rotuladora em suas mãozinhas!!
Eu tenho uma mais antiga que deixo sem medo de ser feliz com o “dono do pedaço”! Ele digita, corta e cola na caixa que escolher… quem se importa se todas as caixas disponíveis para aquela organização são absolutamente idênticas?? Ele decide em qual será colada cada etiqueta!
Quando tudo está finalizado vou discretamente e faço novas caso tenha algum errinho de digitação nas anteriores e coloco no outro lado da caixa, nunca tiro a que a criança fez! Um lado fica com a dela e o outro com a minha.
Se o pequeno ainda não for alfabetizado e não souber digitar, imprima desenhos de carrinhos, bonecos/bonecas, legos e etc.
Leve uma caixinha de lápis de cor ou de cera e peça que pinte todos os desenhos. Coloque “contact” transparente por cima, corte e, de novo, deixe que ele escolha e cole na caixa desejada.
Você não faz ideia do poder que isso tem!
A sensação de “autoridade” sobre aquele espaço, sobre as decisões que estão sendo tomadas faz dessa pessoinha a sua maior aliada em todo o processo!!
Todas as vezes em que apliquei esse “truque”, a criança fez questão de apresentar a organização do espaço para a mãe, babá ou responsável.
E o feedback sempre foi muito positivo em relação a manutenção também. Quando a criança se reconhece no espaço, sente que suas opiniões foram ouvidas e suas “escolhas” respeitadas, ela passa a ver a organização de uma forma bem mais leve!
Se ela decidiu que aquela era a melhor caixa para as bonecas, então não tem sentido colocá-las na caixa dos pôneis? Entendeu como funciona?!?
Na POB deste ano, ouvimos tanto sobre a importância de organizar com o cliente e não para o cliente… essa uma ótima oportunidade para colocar em prática e depois nos contar como foi a experiência! Combinado?
Sobre a autora: Patrícia Flach Fernandes, 40 anos mãe da Jujubel e do Nico, é formada em Ciencias Sociais com especialização em Sociologia Urbana e MBA em Qualidade Total.
Acompanhando a familia e o marido, ficaram expatriados por 7 anos, entre Holanda e China.
Em 2017, retornou ao Brasil e trouxe a vida de PO na mala!