ANPOP Brasil

Não é de hoje que ouvimos que uma casa desorganizada pode afetar a saúde de seus moradores. A pia cheia de louças, roupas jogadas por todos os cantos, documentos espalhados em várias gavetas, enfim, como se dizia antigamente, uma verdadeira “anarquia”. Uma casa onde reine a bagunça, muito mais que feio para os olhos, é o que ela pode vir a provocar em quem nela mora. E são muitos os transtornos, desde ansiedade, stress, alergias respiratórias, obesidade, como até algo mais sério como a depressão.

Aquela história de “minha casa, meu refúgio”, que reflete a minha vida, o que estou sentindo no momento, é a mais pura verdade. Tudo é uma questão de energia em nossa vida. Se nossa vida emite uma energia positiva, com certeza estaremos nos sentindo bem, em paz, tranquilos, de bem com a vida. Caso nosso emocional não esteja em equilíbrio, é bem provável que a nossa casa também não estará, daí se origina então a famosa bagunça.

A própria psicologia diz que a casa é sinônimo de acolhimento e proteção e um lugar de nos construirmos e reconstruirmos diariamente. A partir da hora em que esta casa não se encontra acolhedora, impedindo que um ou mais moradores ocupem aquele lugar de forma harmônica, poderão ocorrer consequências diversas, como efeitos na maneira de alimentar-se, durante o sono e nos cuidados com o corpo e a saúde. Estudos vem mostrando que ambientes desorganizados provocam o stress e são grandes causadores de dietas que não vingam. E pasmem, foi descoberto através de uma pesquisa que uma cozinha desorganizada faz com que as mulheres comam duas vezes mais.

Em contrapartida, a boa notícia é que a pesquisa também mostrou que ambientes organizados fazem com que as pessoas comam menos. A falta de organização pode sim levar a uma má alimentação, pois a falta de planejamento pode fazer com que as pessoas não se organizem corretamente na hora de ir às compras e com isso o seu cardápio não será saudável, podendo originar problemas de colesterol alto, diabetes e até a obesidade.

E não para por aí não. A ausência da organização pode ainda comprometer a qualidade de vida em vários pontos, inclusive gerando baixa produtividade, porque um ambiente bagunçado acaba por deixar a pessoa atrapalhada, sem foco, diminuindo assim a sua capacidade de produzir normalmente.

Passar boa parte do tempo procurando coisas acaba gerando muitos estragos na rotina das pessoas, como a perda de um compromisso importante, uma conta que ficou sem pagar, uma consulta médica perdida e inclusive, aquele único tempinho gostoso que se tem para fazer as coisas que dão prazer, passará batido. Outro ponto considerável e que é muito comum é que locais desorganizados e amontoado de coisas, raramente são limpos com frequência, o que poderá ocasionar alergias de várias espécies, inclusive problemas de pele.

Muito já lemos sobre o quanto a bagunça é prejudicial ao ponto de afetar até as crianças. Isso porque na organização do espaço das crianças é fundamental que se leve em conta os aspectos do desenvolvimento e aprendizagem, além do bem-estar delas. É de se considerar importante os riscos, observando questões de segurança como produtos de limpeza, remédios, sacos plásticos, instrumentos cortantes que não estejam colocados em lugares adequados. A psicologia relata que um ambiente desorganizado poderá causar certa insegurança no interior da criança como criatura em fase de aprendizado sobre o ambiente e sua interação junto a ele. Claro que crianças precisam sim estar em movimento, espalhar brinquedos e objetos para as brincadeiras. Nesse aspecto é necessária uma “baguncinha” sim, mas ao terminar a brincadeira, elas devem guardar as coisas nos devidos lugares novamente.

E como se diz, esse assunto dá o que falar, ou o que escrever (risos). Assim como a desordem tem influência no progresso da criança, da mesma maneira afeta o comportamento dos idosos, por tratar-se de uma geração que possui lá suas dificuldades, como esquecimentos ou perda da memória e dificuldades na locomoção. Isso deve se levar a pensar na circulação dentro dos ambientes da casa, iluminação disposição dos móveis, quinas de mesas, tipos de pisos, uso de tapetes, etc, para evitar as quedas e possíveis fraturas.

E se por um lado a falta de organização pode acarretar inúmeros problemas nas diferentes fases da existência, por outro, uma overdose de organização também acaba se tornando um problemão, quando isso é a razão e o resultado de alguma aflição psicológica. Isso poderá atrapalhar os laços de afeto, a criatividade e também levar a certa timidez, impedindo assim a pessoa de se expressar.

E também tem aqueles que não se importam nada em viver em meia à bagunça. Cada ser tem a sua própria forma de lidar com a sua casa. Tem uns que acham que o excesso de organização mostra a melhor forma de se viver no local, já para outros, o exagero na organização e limpeza é algo agoniante e sufocante. O que a gente costuma chamar de bagunça, muitas vezes pode até ser necessário para a organização psicológica de certas pessoas. Se pensarmos bem, na adolescência, parece normal a bagunça, por se tratar de um momento de transformação do corpo, do relacionamento com os mais velhos, com a imagem e a maneira de se comunicar. Nos momentos de crise também a bagunça pode aparecer como algo normal.

Enfim, compreender o lugar que se mora somente como um espaço de organização de móveis e pertences que nele existe, é não entender que este local reflete também questões sociais, psíquicas e culturais. Para podermos encontrar uma solução para melhorar a falta de organização e, por conseguinte, nossa maneira de viver, devemos encarar o hábito de organizar como um estilo de vida e ir moldando, adequando esse estilo da melhor maneira dentro do nosso dia a dia. Não é difícil, é só começar!

Autoria: Morgana Portella Organizer 

Redaçāo Anpop Brasil